sexta-feira, 9 de julho de 2010

desencontros

—Te conheci sem querer.
Não porque não queria, era porque você tava lá, e era aonde eu queria estar.
Era muita gente, mas poucos objetivos. Creio que os nossos eram iguais, que estávamos lá pela mesma razão.
E foi assim que eu te conheci. Você já ria de mim sem me conhecer, me achava merecedor dos teus ouvidos sem saber de onde eu vinha. Por vezes nos trombamos, pedimos desculpas. Seu sorriso tímido, e tão sincero, que te fechava os olhos.
Mas foi só isso - fomos embora.

—O tempo passou, porque ele tem que passar. E você ainda estava lá. Não no mesmo lugar, mas ainda estava lá, presente, e eu fui embora e esqueci de te levar junto. Eu nem me importava.
Mas você sim.

—Aqui estamos. Não é do jeito que a gente quer, as paredes não foram pintadas com as cores que eu gosto. Mas você é tudo que eu gosto. O lugar que você está é aonde eu me sinto bem - uma vez te disse.
Eu não mentia. Mas eu nunca estava lá.

—Deixamos ruir. Quisemos tudo do nosso jeito, ou não quisemos nada. Abrimos as portas, deixamos que entrassem e penetrassem em todos os cantos, e não ligamos quando um ou outro destruia parte do nosso lar.
Já não éramos nós.

—Pusemos um fim. Eu parti - você ficou. Pediu que eu voltasse, e até deixou a porta aberta às vezes. Sempre quis acreditar que só eu era bem-vindo, mas nunca estávamos sós.
Nunca éramos nós.

—E você o fez. Te dei o refrão, você o seguiu. Seguiu em frente também, como ele te disse. Perguntam de você, perguntam porque te deixei ir. Mas eu nunca te tive.
Pensei que tivesse seguido também. Não com você. Apenas seguido. Mas eu infelizmente continuo no mesmo lugar.

—Somos dois ponteiros de relógio. Por vezes nos encontramos, mas nunca indicamos a mesma coisa.




/Meia hora não foi o bastante pra mudar minha vida.

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