sexta-feira, 9 de julho de 2010

curando-se


— É complicado. Por mais que eu tenha certeza que tu ainda é a única pessoa por quem eu deixaria tudo, não tenho pensado em você.
Por vezes pedi só que você lembrasse.
Mas acontece que isso não aconteceu. Sempre fui um casal de um. E isso não existe. Não tem como eu andar de mãos dadas comigo mesmo.
— Mas isso já foi.
Hoje não faço mais tanta questão da tuas mãos nas minhas. O espaço que sobra entre as minhas não parece se encaixar mais perfeitamente nas tuas. É só um espaço que clama pra ser completado. Mas eu tenho duas mãos, posso fechá-las e -puf! Fim.
Tua onipresença vem se tornando mais uma dor, em especial. Não bem desejada, mas já que tá por lá, me acostumo. E até gosto dela.
Esse sou eu, de mãos fechadas, rindo sozinho. Rindo do meu grande feito.

— Eu consegui me acostumar à essa realidade. Isso é um grande avanço. Uma pena que se acostumar não seja o mesmo que aceitar.

— Esse sou eu,andando por aí comigo mesmo.

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