domingo, 28 de fevereiro de 2010

renomeando planetas


- Tu quis ter o mundo.
Por um bom tempo acreditei que esse teu mundo fosse eu, e te deixei ter-me em suas mãos, em seus braços, envolvido em seu corpo, escorrendo de seus olhos.
Estúpido eu sou. Por acreditar que nesse mundo só entra eu, e que você não tem outros mundos por aí. Achei que de mundo só existisse o nosso.

Já foi.
Contento-me com minhas estrelas.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

- Já esperei tanto que fizessem coisas por mim, sem que eu pedisse ou deixasse claro minhas vontades. Tantas vezes quis que se importassem em dizer que se importavam, que perguntassem freneticamente se estava tudo bem, que fizessem questão de exagerar em dizer um simples 'oi'.
Não é orgulho. O orgulho, eu perdi assim que me importei com tudo isso.
Os outros não ligam. Não ligam se você sofre, se você quer o bem deles, não ligam em ligar. Assim como eu quis que eu fosse um pouco lembrado, as outras pessoas também quiseram. Eu não me importei em pedir que ligassem, que se lembrassem, que sentissem minha falta, então não ligaram, não lembraram, não sentiram. É algo meio que recíproco, uma prova viva de causa e consequência. E a importância é a primeira coisa do mundo que deveria ser recíproca. E a última que, na maioria das vezes, é.

- Mas nem em sonhos você se importa.

- Pare de me perseguir.


/ Quero meus sonhos antigos de volta.

cubos de gelo



- Oi. Tô te deixando essa mensagem, sem motivo concreto, sem razão nenhuma. É só pra você saber que eu me importo em deixar as coisas claras. É, só pra você ver que eu me importo em me importar. Não, não é porque eu tô te ajudando a lembrar que eu existo. E muito menos porque eu espero que você retorne, sei lá. Não faço tanta questão de ouvir sua voz como antes. Aliás, só tô falando isso porque não queria que as coisas ficassem assim, dessa forma, mal acabadas, entende. Eu sei que fui eu que comecei, e que provavelmente você nem se lembra quando, porquê, como, onde, mas tudo bem. É por isso que eu falo tudo isso. Deve ser um grande esforço você ler tudo isso, não? Não tô pedindo pra ter dó, que coisa. Nunca pedi nada de você, nunca forcei a barra e muito menos quis que você sentisse algo. Reciprocidade é algo difícil de acontecer. E não te culpo por isso. Aliás, não te culpo por não se importar com o que eu sentia também.
Talvez fosse como se pra mim eu tivesse um iceberg pra te dar, mas você estava tão longe que mal poderia enxergar um cubo de gelo. E eu uso gelo como metáfora porque foi bem assim... Eu não tinha como te mostrar meu sofrimento e tu não tinha como me fazer parar de sofrer. Ambos não tivemos chances de derreter toda essa camada de impossibilidades.
Eu te entendo, viu. Todo mundo já sofreu e fez os outros sofrerem. Até eu. Para, não é culpa sua. Já te disse. Aliás, eu nem sei porque tô te falando essas coisas, te fazendo perder seu tempo com algo que nunca foi sólido o bastante pra você. Mais uma vez, não é tua culpa, que droga. É chato isso, sabia? Eu poderia ter enfeitado os mais belos gestos e ter mudado todas as histórias, só pra ficarem do jeito que você gosta. Até a minha. Ah, eu fiz isso, é mesmo.
Agora me diz, pra quê isso? Isso, de você construir palácios em torno do seu coração, cercá-los com torres e muros de pedra. Pra quê? Pra tornar tua reciprocidade inalcançável? Só deixa eu te avisar que por mais bonito que tudo isso foi (tá, não foi, mas poderia ter sido), a gente não pode viver em contos de fadas. E seu coração não é uma princesa, e por mais que você tente disfarçá-lo, ele não é um dragão também. É só uma máquina que tu programou para soar timbres diferentes de qualquer um que queira operá-la.
Temos caixas de músicas enterradas nos nossos peitos. E eu não posso te culpar só porque a sua toca uma música diferente da minha. Eu te entendo, não é agradável quando duas músicas distintas resolvem tocar ao mesmo tempo. Só uma de cada vez é agradável. Eu te entendo, mesmo. Prefere ouvir só à tua música, do que toda aquela mistura de acordes, ritmos e timbres diferentes dos teus.
É, como o outro lá disse, esse tempo todo eu fui um acorde errado na tua canção.
Então, é só isso. Parece muito que eu joguei tudo isso na sua cara, pra que tu pense que a culpa é sua, depois de todo esse final mal feito dessa história (que você nem sabia que existia)... Mas não é, tá.
É só minha tristeza gritando palavras depois de perceber que só depois de praticamente um ano eu fui descobrir que não formamos dupla, que nossos ideiais não batem, que nossos corações batem em frequências opostas. É só minha tristeza, não meu ódio. Só tenho ódio de mim, por ter demorado tanto tempo pra enxergar, e mesmo assim ainda te escrever tudo isso jurando que você vai ligar.
E olha, eu gosto da tua voz sim. E tudo isso é pra você lembrar que eu existo, sim, e ia gostar tanto que tu retornasse. Mas não faz nada disso não.
É que eu tô no meu caminho. Um caminho pra acreditar que nada disso vale a pena o risco. E não me desvie dele de novo, caso não for pra me manter no mesmo que tu percorre.
Por favor.