sábado, 24 de julho de 2010

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- Sempre estive distante. Ambos estivemos.
Você sempre estava por aí, e eu por aqui, cada um em seu próprio universo de incertezas e impossibilidades. Não posso falar por você, mas pelo menos eu sempre quis sair daqui.
Estive sempre calculando possibilidades, criando porcentagens entre todos os talvezes e vendo vantagens em todos os vezenquandos. Toda essa matemática era pra ser aplicada em equações em que o x era eu e o y era você. Mas na verdade eu nunca fui bom em cálculos.
Pois bem, então tentei criar histórias para que fôssemos os protagonistas. Criava roteiros, imaginava os lugares, quase tinha um filme pronto em minha mente. Mas logo, não podia vivê-los. Eu não podia sair do meu universo e você nunca quis sair do seu.

Então finalmente percebi que tudo isso chegou a um fim, que não adianta mais fazer cálculos imensos ou histórias de tamanhos imensuráveis. Nenhum deles traria resultados ou se refletiriam na vida real. Eram só ideias de um futuro incerto.
Percebi que sempre tentei te ter nas minhas mãos. Mas, quanto mais eu fechava os punhos com medo de você fugir, mais você escapou. Era como água, escaparia de qualquer forma, conseguiria atravessar qualquer coisa. Diferente de mim, que sempre fui ar pra você. Sempre te rodeei, mesmo sem sair do meu universo de incertezas impossíveis. Sempre estava em todo lugar que você estivesse. Mas infelizmente, você nunca precisou de mim pra respirar.

três, pra nada.



- Passei a semana toda desejando que você se importasse, pelo menos dessa vez.
E pensar que você está indo embora, que eu não vou mais te ver. Pensei nisso a semana inteira, tentei encaixar qualquer possibilidade de você na minha vida, pela última vez. Eu faço de tudo, tento, gasto o dinheiro que não tenho e arranjo o tempo que não poderia perder, me dedicando à isso, só pra saber se um dia eu fui o motivo de você estar sorrindo. E porra, ninguém nem consegue imaginar tudo o que eu fiz. Fiz coisas que ninguém faria por você. Pra quê? Só pra me despedir de você, de uma forma correta.
Isso. Bem idiota de minha parte. Me sacrificando só pra poder me despedir de uma forma que não doa tanto. Mas continua sendo uma despedida. Eu não vou mais te ver, dá pra entender isso?
Talvez eu seja exagerado demais, masoquista demais. Olha isso, caramba. É inútil eu falar tudo que eu fiz por você, sendo que você nunca fez nada por mim. É óbvio que você vai dizer que sim, que foi me ver, que passou por lá, e que quis me chamar. Mas isso não é justo.
Faço tudo por você e você mal olha pra mim. Mal abre os olhos, nem pisca, nem risos, nem um sorriso forçado. Não é uma troca equivalente.
Assim como teu sentimento - não é equivalente ao tanto que eu sinto.
Eu sempre soube. Mas continuei derrubando seus muros, só pra depois enxergar que não causei nenhum dano à eles, e só me machuquei enquanto isso.
É uma pena que eu só acredito em nãos quando eles vêm de você. Tantos já me avisaram, tantos já disseram que não vale a pena.
É sério. Não tô pedindo um lugar do seu lado, não quero ser segundo lugar, assim como não quero ser sexto, sétimo ou último.
Dessa vez eu peço de cara um 'não', pra pôr fim nessa história de nós dois, mas que só eu faço parte.

- " Não sabe o que quer e não quer mais saber "


/ Não tem como modificar um sentimento. Ou você mata ele, ou o vive. Não dá pra você transformar ele em algo diferente, com menos força, que te cause menos dor.

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- Já faz muito tempo que eu estou aqui. Tanto que eu esqueci quantos dias fazem, quantos meses... Uns dois anos.
Nunca perdi a esperança de que, mesmo batendo sempre nas mesmas teclas, conseguiria escrever uma história. Com palavras iguais, sem espaços, poucas letras. Só duas, na verdade.
Mas, infelizmente, são duas consoantes, que não criam sentido nenhum, mesmo quando colocadas juntas, em ordem de formar palavras. Eu tinha aqui uma história de duas letras, que eu jurava que diriam alguma coisa.
Mas não. Quando finalmente terminei - ou me cansei dela - percebi que até eu, que as escrevi por tanto tempo, não entendia nada daquilo. Eram dois caracteres, duas consoantes, que não faziam sentido nenhum. Toda aquele rascunho parecia ter feito por algum louco, ou um escritor que amasse mensagens ocultas, ou algum amante do surrealismo, do abstrato, das coisas que fazem sentido, mesmo sem ter algum.
Eu comecei a escrevê-la desde que soube que você existia. E hoje, quando finalmente parei, começo a ler tudo e vejo que meu esforço não valeu nada, e que nessa história que não teve nem começo, quem sobrou no final foi apenas eu.

- You had my letters in your name, I had your name in my life.

- Tchau =].

quarta-feira, 14 de julho de 2010

não entendo

Não entendo seu medo.
Talvez não entenda porque já passei por ele há tanto tempo que não saberia como ele é caso ele voltasse.
Mas eu consigo entender o porquê de tantos porquês e de tantas desculpas.
Mas alguém como eu, que preza e busca tanto a felicidade, não consegue compreender alguém que recusa uma chance de ser feliz.
Mas tudo bem, não posso te convencer de que esse caminho é simples e que você não sofreria quando começasse a percorrer por eles.
Mas, assim como eu fiz, sempre tem uma boa recompensa no final da estrada, e isso só depende de você.

infelizmente.

domingo, 11 de julho de 2010

cartas não enviadas



- Eu poderia te ouvir falar o dia todo.
Ouviria você cantar as músicas que você ama (e que eu odeio) e também ouviria você falar de política, sociedade, matemática, cinema, arte, hipocrisia, culinária, nazismo, ou até filosofias sem sentido, e concordaria com tudo, já que estaria mais atento em como seus olhos brilham ou em como seus dentes batem enquanto você fala.
Te encheria muito o saco pois repetiria mil vezes que estou loucamente feliz por estar com você, e que não precisamos de mais ninguém além de nós e nossas mãos dadas. Eu ouviria sua voz e diria que é meu som preferido, e diria que seu sorriso é a melhor coisa que eu já vi. Poderia até tirar uma foto dele, e dizer que foi a melhor que eu já tirei.
Estar com você seria meu hobbie preferido, e isso se tornaria minha rotina, pois eu iria querer estar com você a cada segundo.

- São tantas possibilidades. E todas elas são improváveis.
E mesmo diante de todas elas, você diz que tanto faz, e não faz nem questão de saber disso. Sei que seria capaz de te dar mundos e colocaria constelações, galáxias e universos em potes de vidro, como presente. Pararia guerras pra te ver feliz, e até iniciaria uma, caso o objetivo final fosse esse.
Mas não. Você nunca nem vai saber disso, pois não sabe escutar. Você não é como eu, não perderia seu tempo com alguém que daria todo o que tem por você.
Devem ser possibilidades demais para você, ou talvez não sejam suficientes. Talvez você seja diferente de mim, talvez você tenha algo a perder com isso. Enquanto eu não tenho nada e aposto tudo que não tenho em algo que não me é certo.

- Eu só queria poder responder à pergunta "O que você mais quer na vida?" com "Eu não quero. Eu já tenho."


/ Eu não escrevo histórias bonitas porque nunca pude vivê-las.

sábado, 10 de julho de 2010

segundas


- Viu, tá tudo acabando mesmo.
- Tudo?
- Mais que isso. Nem o nada vai restar.
- Por que do nada você ficou assim, pessimista?
- Eu não me tornei pessimista. Só abri os olhos pra realidade.

- Senti sua falta. Achei que sei lá, você também sentisse.
- Senti, um pouco.
- Eu já te disse que não foi nada de mais.
- Por quê diabos você fica me escondendo tudo isso?
- Porque não tem porque lembrar, já foi. Acabou, como você diz.
- Eu não sei mais o que você ainda é, nem sei se lembro do que você já foi.
- Tá. Só queria um pouco da sua atenção. Esquece tudo que passou, mais uma vez. Eu nem penso mais nisso.
- Quem sabe um dia desses eu te encontre em outro lugar. Não encontrar você. Encontrar aquela que você ainda é, mas que se esconde dentro de si.


/Tô entrando naquelas fases, das que demoram pra passar, de abstinência, de saudade antecipada e de perda pré-perda-oficial. Daquelas vezes que se perde as coisas e ainda estando com elas, entendem. De desapego necessário, de cautela, não sei.
Só sei que não é das boas.
Talvez seja só porque todos os dias tem parecido segundas-feiras.

Cookies. #3



A vida tem sido mais simples pelos dias de hoje. Mas, tudo vai bem, até que de repente o passado bate na porta.
É aí que ele bota tudo pra foder.

Audrey esteve por mais de um ano tentando evitar qualquer contato com o passado. Eu até a entendo. Ainda mais quando se ganha o presente, de presente. Ter fugido de tudo foi a melhor coisa que já tivera feito. Ganhar a vida por ter seguido em frente. Sempre em frente.
Mas não é toda vez que o passado vem para te atormentar. Às vezes precisamos voltar no tempo, para resolver alguns casos que antes eram complicados demais para se solucionar.
É, pois nem o tempo os resolve de certa forma. Temos que voltar a reabrir às portas que fechamos, para nos certificarmos de que as trancamos bem, e que ninguém vai abri-las de novo.
Ou até, quem sabe, levar todo seu presente para dentro dela.

''Droga, olha eu aqui de novo. Não é tudo que eu devia evitar? Mas que droga, por quê eu sinto tanta falta desses dias? Tinha acreditado em mim quando eu jurei que era tudo passado..."

- Ei, Nicole.

Oh, pobre Ryan.

- Estou atrasada?
- Nem um pouco.

Nunca fui pontual. E ter demorado tanto tempo pra aceitar as coisas boas só me trouxe prejuízos.

- Ele me ligou ontem.
- É, eu sei. Ficou abalada?
- Não... Fui educada até, mas acho que ficou forçado demais. Sim, mexeu comigo.
- O mais engraçado é ele estar com a Nicole e ficar te ligando assim.

Canalha.

- Eles estão juntos, então... Que surpresa.
- Deve ser foda. Vocês eram melhores amigas...
- Acostumada. Sabia que nem um ano longe daqui ia curar tudo isso. Os dois se amam. Dá pra aceitar. Digo, superar.
- ...
- Ei, você sabia que ela não prestava. Muito menos ele. E ele sabia do seu amor por ela.
- É. Estamos no mesmo barco, né?
- Sim.

Cookies. Boas memórias.

- Parei de vir aqui depois que eu e Laura terminamos. A última vez eu vim aqui e a Audrey estava aqui, também.
- Coincidência...
- É, uma bem ruim, eu diria...
- Bem, quero aquele brownie. E aquele chá com conhaque.
- Maçã e canela...
- Como sempre.

Que coisa, por que de repente eu estava me sentindo tão bem?

- Um brinde às vadias e aos traíras.
- Um brinde.E um brinde a nós também, Nicole.
- Aos esquecidos, indiferentes, e por fim, felizes.

... Sempre manti minhas portas do passado abertas. Nunca as tranquei, pois por vezes me confortava sabendo que teria pra onde voltar.
Esse foi meu grande erro. Alguém entrou por elas, em cada uma dos quartos, cozinhas e elevadores, achando que podia, só porque estavam abertas. Roubaram meu passado, e me trancaram pra fora. Enfiaram todo seu presente por lá. Eles não gostam de passado, e trancam as portas com medo de que ele volte para assombrá-los.
E eu me transformei em passado agora.
Para eles sim. Para nós, somos apenas o hoje.


" Eu não estou te chamando de mentiroso, apenas não minta pra mim. Eu não estou te chamando de ladrão, apenas não me roube. Eu não estou te chamando de fantasma, apenas pare de me assombrar.
E eu te amo tanto que vou deixar-te me matar.
"

- Estava tocando essa música quando eu e Ryan finalmente decidimos dar uma chance para o improvável.

sobre individualidade, robôs e erros.


- Sempre insisto no improvável e aposto no impossível. É óbvio que eu só tenho más experiências com tudo isso, mas é mais pra ter certeza de que realmente não vale a pena o risco.
Não adianta muito dizer que não, que já tá na hora de parar... Eu sempre continuo. Me pedem para aprender com meus erros, mas sempre estou errando nos mesmos lugares. Eu poderia ter me tornado um sábio dos erros, se não fosse tão estúpido insistir neles.
Eu não sou muito interessante. Vivo num mundo alheio, não me destaco, mas também não me misturo. Vivo dentre ponteiros de relógios e dando vida à qualquer objeto, quando nem as pessoas são capazes de me entender. Às vezes confio mais nos meus desenhos, nas dobraduras e nas minhas músicas do que nos humanos.
E não me venham dizer que já ouviram disso, que é comum insistir em erros, que não há nada de chocante em não confiar nas pessoas. Podem dizer que existem características minhas que te lembram alguém, sim - pois eu absorvo tudo que eu vivo e o que me fazem viver - mas não venham me dizer que eu pareço com alguém. Ninguém é assim. Ninguém além de mim consegue ser assim.


(É melhor permanecer calado se você não tem nada melhor pra dizer.)



Eu procurei conforto em várias pessoas, e só encontrei em você.
Jurava que não ficaria sozinho diante de tudo que fui acometido, mas fiquei. E adivinha quem estava lá pra reverter tudo isso.
Não existe mais ninguém que eu preze mais do que você. Sonhamos juntos, e sempre nos incluímos nesses sonhos. Porque não tem porque correr atrás de algo sendo que não vamos estar juntos nisso. Sempre corremos de mãos dadas diante as incertezas.
Os outros são só outros, pessoas que nos machucam e não entendem o quanto eu quis o bem delas. Já tentamos incluir vários acompanhantes nesse meio, mas no fim eu sei que é você quem eu vou chamar quando eu precisar - ou quando simplesmente sentir saudades. Porque depois dos outros, só me resta você e seu sorriso de avon.
E eu continuo correndo atrás dos meus sonhos e você atrás dos seus. Sempre arranjando um espaçinho pra incluir um no do outro, ou por fim correndo atrás da mesma meta. Dividimos copos, moedas cigarros, e sonhos também.
Você é a melhor pessoa do mundo, e eu não vejo vida sem você. E espero que você saiba que eu te preciso mais que o ar.

melhor amiga, pra sempre.

Leaving- capítulo1: Indiferentes



— Sempre fui uma daquelas pessoas que tentam ser boas em cada oportunidade que aparece. Sabe, buscando alguma paz interior.
Aqueles tipos que aceitam alguns absurdos só por educação, só pra dizer que no final alguns desses sacrifícios vão trazer recompensas.
Mas eu já suportei o peso do mundo por muito tempo, e eu acho que não preciso mais disso. Por vezes deixei de fazer o que eu queria, de falar que não era bem assim que eu esperava, só pra não decepcionar ninguém. Mas sempre me decepcionava. Era egoísta, comigo mesmo.
Mas tudo bem, foi só uma fase. Não sou tão bobo assim, não nos dias de hoje. Não digo que vou fazer uma revolução contra o cosmo toda vez que algo me incomodar... Só digo que nada vai me incomodar, simplesmente. Nada.
A indiferença é uma grande dádiva que alguém muito inteligente deixou por aí, pra que a descobrissem e fizessem bom uso dela. Não é tão produtiva como o petróleo e o fogo, e não vai te trazer dinheiro. Mas é um grande remédio contra tudo que vem contra a você. Qualquer mal dá meia volta quando vê que a pessoa que ele quer atingir é uma pessoa indiferente. É quase como ser assexuado, só que num modo geral. Você não vai sofrer pelo que não te faz bem. Só pelo que não te faz bem, deixo claro. É importante saber deixá-la de lado quando as coisas boas vierem à você.
Os indiferentes são pessoas inteligentes. Alguns só conseguem ser quando fazem muito esforço, outros são natos no assunto. Mas de qualquer forma, sentem as dores e os sentimentos bons do mesmo jeito. Só não se deixam abalar tanto assim por eles. Por vezes até os sentimentos bons não os trazem muita diferença. Bem, essa é uma parte ruim, mas eles também não vão se decepcionar tanto assim, quando esse sentimento bom resolver partir.
O indiferentes tem coração, também.
Mas seu coração é um quarto vazio. Cabe todos os tipos de sentimentos, mas sempre está vazio. E é aí que eu fico em dúvida... Não sei se isso é bom ou não.
Só sei que nada vai nos machucar, quando a única coisa que nos fará diferença será aquilo que nos faz bem.

— Sou daqueles que não pedem nada, mas no fundo querem levar tudo pra casa. Daqueles que pedem pra esquecer mas no fundo querem te fazer lembrar.

— Depois de tudo que eu passei, eu acho que mereço um pouco de paz.

here i am



- I don't get it. Why does it always feel like no one cares?
- you've been breaking too many hearts.
- i don't break them. I just try to make them look perfect for me.
- that's really selfish.
- no. i make them look like another one's heart. the heart of someone i really loved. so, if i get it, i can love her too.
- you'll never change a heart.
- no, that's not the problem. the problem is that the heart i want didn't want me. these hearts i've been trying to change do. that's the only default, the only thing that makes them imperfect.
- so you think it's easy to make people cry by leaving them just because you can't change their hearts?
- no, it's not easy. But it would be harder to change THAT heart...
It's kinda impossible to make it want me.
So here i am, trying to love someone, by the easier way.

além das contas e dos cordões

- Talvez eu até mudasse de ideia, se tu não me fizesse esperar demais.
- Tu disse que esperaria pra sempre, se preciso.
- Talvez eu não quisesse tanto assim.
- Não é o que tu quer, então?
- Não é o que eu sei que quero.
- Tu não sabe de nada.

- Tu não consegue ser uma só.
- E tu não quer nenhuma de mim.
- Eu até queria uma dessas trinta, mas tu não sabe ser mais aquela que eu conheci.

maisomenos

- Eu tenho procurado pelos teus piores defeitos, pelas coisas que tu faz que mais me irritam, considerado exageradamente tuas imperfeições e prestando mais atenção nos teus deslizes. Tudo a fim de me convencer que não vale a pena, de forma alguma, dizer que tu vale a pena.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

final_mente



—Já nos contentamos com o fim.
Foi doloroso, difícil de aceitar - mas nos acostumamos a ele.
Mas, ironicamente, ainda prezamos o bem do outro.
Você nunca me deixou por completo.
Ainda nos falamos, conversamos sobre nós.
E dói, é complicado e masoquista, mas sabemos que não vivemos sem isso. Não gostamos da dor, mas a suportamos, pois é a única forma de termos um pouco do outrom de sermos nós. Sermos nós, não apenas ser eu e você.

—Quando estamos distantes, você me manda seus sinais. Sinais que apenas eu posso perceber e decifrar, diante de tantos outros. Você cria sorrisos quando me vem a mente os seus, e manda suas borboletas para me vigiar. Tudo pra garantir que eu nunca esqueça, que nunca deixe de lembrar.
Por tantos sinais, você se torna presente. Quase posso ouvir sua preocupação e sua angústia de não poder me proteger a cada segundo.

—Eu faço a minha parte. Aceito tudo que você me dá, aceito a sua onipresença, respeito sua insegurança, revivo sua lembrança, abro os braços sem muita esperança de que os seus se juntem aos meus. Mas eu espero. Sempre esperei. Sempre espero que você nunca se esqueça de mim, e que decifra cada sinal que eu mando também.

tired

— Eu cansei.
Mas se cansar se tornou tão clichê. É tão comum pessoas dizerem que se cansaram, mas brevemente estão dispostas a enfrentar tudo de novo — e dizerem que se cansaram de novo, de novo.
— Mas eu definitivamente não só me cansei, como hei de parar de seguir por esses caminhos que venho seguido. Sabe, não dá mais, eu já sabia o que tinha no final da rota desde que decidi andar por ela. Era mais um teste, pra ver se dessa vez ia ser diferente.
A questão é que eu cansei, mesmo. Não vou mais gastar meu dinheiro, meu tempo, desfazer meu orgulho e me preocupar em ir te ver, seja lá aonde for, pra que sempre fique nisso, nesses trânsito parado, em nós olhando um para o outro, e dizendo tchau.
Eu nunca me convenço que não importa quantas vezes eu assisto a um filme ... O final vai ser sempre o mesmo.

desencontros

—Te conheci sem querer.
Não porque não queria, era porque você tava lá, e era aonde eu queria estar.
Era muita gente, mas poucos objetivos. Creio que os nossos eram iguais, que estávamos lá pela mesma razão.
E foi assim que eu te conheci. Você já ria de mim sem me conhecer, me achava merecedor dos teus ouvidos sem saber de onde eu vinha. Por vezes nos trombamos, pedimos desculpas. Seu sorriso tímido, e tão sincero, que te fechava os olhos.
Mas foi só isso - fomos embora.

—O tempo passou, porque ele tem que passar. E você ainda estava lá. Não no mesmo lugar, mas ainda estava lá, presente, e eu fui embora e esqueci de te levar junto. Eu nem me importava.
Mas você sim.

—Aqui estamos. Não é do jeito que a gente quer, as paredes não foram pintadas com as cores que eu gosto. Mas você é tudo que eu gosto. O lugar que você está é aonde eu me sinto bem - uma vez te disse.
Eu não mentia. Mas eu nunca estava lá.

—Deixamos ruir. Quisemos tudo do nosso jeito, ou não quisemos nada. Abrimos as portas, deixamos que entrassem e penetrassem em todos os cantos, e não ligamos quando um ou outro destruia parte do nosso lar.
Já não éramos nós.

—Pusemos um fim. Eu parti - você ficou. Pediu que eu voltasse, e até deixou a porta aberta às vezes. Sempre quis acreditar que só eu era bem-vindo, mas nunca estávamos sós.
Nunca éramos nós.

—E você o fez. Te dei o refrão, você o seguiu. Seguiu em frente também, como ele te disse. Perguntam de você, perguntam porque te deixei ir. Mas eu nunca te tive.
Pensei que tivesse seguido também. Não com você. Apenas seguido. Mas eu infelizmente continuo no mesmo lugar.

—Somos dois ponteiros de relógio. Por vezes nos encontramos, mas nunca indicamos a mesma coisa.




/Meia hora não foi o bastante pra mudar minha vida.

curando-se


— É complicado. Por mais que eu tenha certeza que tu ainda é a única pessoa por quem eu deixaria tudo, não tenho pensado em você.
Por vezes pedi só que você lembrasse.
Mas acontece que isso não aconteceu. Sempre fui um casal de um. E isso não existe. Não tem como eu andar de mãos dadas comigo mesmo.
— Mas isso já foi.
Hoje não faço mais tanta questão da tuas mãos nas minhas. O espaço que sobra entre as minhas não parece se encaixar mais perfeitamente nas tuas. É só um espaço que clama pra ser completado. Mas eu tenho duas mãos, posso fechá-las e -puf! Fim.
Tua onipresença vem se tornando mais uma dor, em especial. Não bem desejada, mas já que tá por lá, me acostumo. E até gosto dela.
Esse sou eu, de mãos fechadas, rindo sozinho. Rindo do meu grande feito.

— Eu consegui me acostumar à essa realidade. Isso é um grande avanço. Uma pena que se acostumar não seja o mesmo que aceitar.

— Esse sou eu,andando por aí comigo mesmo.

intercâmbio


- Eu sempre procurei por um espaço único no mundo. Procurei por qualquer lugar em que eu pudesse ficar sozinho, que eu pudesse me expôr sem público, que eu pudesse chamar de Meu.
E na minha jornada eu encontrei inúmeros cantos, milhares de casas, incontáveis músculos e abraços que me abrigaram, lugares que eu pude chamar de 'lar'.
Mas era sempre algo temporário. Sempre me deparava com um aluguel caro demais ou com um limite de estadia.
Por vezes fui expulso, por outras o "a casa é sua" foi levado tão ao pé da letra que cheguei a sentir-me mais dono do terreno do que o esperado.
Me lembro de algumas vezes em que me abrigaram por entre músculos pulsantes. O sentimento de aconchego por vezes não foi o suficiente, por outras foi sufocante. No fim, me encontrava despejado, um sem-teto por opção, ou não.
Foi assim que eu me tornei um eterno nômade, um aventureiro em busca de novos cômodos, novos cantos pra chamar de casa.
Mas o que me vale falar sobre todos esses lugares é saber que por um dia, por um momento, eu pude chamá-los de meus. Por mais que não tenham sido realmente, por mais que eu tenha me apropriado deles sem nenhum contrato, me senti dono de cada um deles.
E se de cada um deles me lembro, cada um deles deve lembrar que já tiveram dono, que já foram invadidos, que quiseram abrigar-me.

- E assim eu continuo procurando.

falha

Parte 1: A proposta exagerada.

- "I wanna wake up where you are, I wanna hold your hand tonight."

A: Taí, do jeitinho que você pediu. Consegui pôr tudo que eu sinto no papel. Eu sei que você gosta de ler, então coloquei em forma de contos, poesias, versos, e até em melodias, caso queira ver isso como uma música de um cantor underground. Você escolhe a forma que vai ler e saber de tudo. Quando terminar me avisa, diz se gostou, se quer adicionar algo, se eu devo omitir ou mudar alguma coisa.

Parte 2: A opinião e o depois.

B: Olha. Vou te dizer bem assim... É muito bonita a sua história, li de todas as formas possíveis. Gostei dela de todos os jeitos. E sim, eu gosto muito de ler, bastante. Mas sabe o que é? Eu prefiro filmes. Mais ação, sabe. Mais vida. É... É um pouco mais próximo da realidade.
E é disso que eu preciso agora.

Parte 3: Como fazer gelo.

A: Rasguei tudo. Não sobrou nada.
Mas esconder as provas não desfazem crimes.
Taí, meu maior erro foi pensar que depois de tantas vezes, "essa vez" não ia ser "outra vez".

s.


- Tudo tem um começo, e de fato, um fim.
Os começos são tão simples. Nunca se sabe quando foi um começo antes de ter um meio desenrolado dele, ou um fim empatado, breve ou longo. São invisíveis, são espontâneos, nascem timidamente e logo perdem a linha. Logo não são começos. São histórias, são finais.

- Por aqui eu estive um bom tempo. Foi uma fase boa, apesar de tudo. Mas ela acabou.
Eu prefiro escolher começos de meses, o ano-novo, as semanas pós-férias pra mudar minha vida. Mas ultimamente tenho escolhido as estações, quando posso escolher. Mas geralmente tenho mudado por necessidade, pra poder parar de sofrer. E eu não escolho isso. É minha mudança involuntária. É quando eu me torno o que não quero ser.
É essa explosão de novas adaptações que me faz seguir pelo que me protege, que muitas vezes não é o mesmo que me agrada.

- Desde pequeno, eu fui excluído. Talvez meu mundo fosse estranho demais para os outros. Eu ainda acreditava quando os outros já sabiam duvidar.
Era um peso morto na vida de quem eu convivia. Eu me acostumei a enfrentar meus problemas sozinhos, quando eu não podia mais fugir deles, que era melhor. Essa audácia solitária, essa coragem mal-reconhecida, aquele ninguém lutando pra ser alguém enfim foi notado. Não por ganhar a luta, e sim por lutar.
Por ora, ganhei amigos. Mas por vezes ainda me sinto só.
Não posso obrigar cada um deles a adotar meus inimigos, a sentir meu ódio, a sofrer da minha dor.
É egoísta demais. E isso foi algo que eu nunca pude ser.
Pois não tinha ninguém, não era ninguém. Se eu fosse egoísta até com o nada que eu tinha, nunca se aventurariam a ver que o nada não era tão nada assim.
E é aí que entra a mudança.

- Mudar para se adaptar. Crescer para evoluir. Todos nós temos isso como base. Ou seguimos essa linha, ou nos tornamos ninguéns. E eu não quero mais ser um ninguém, de novo. Não quero ter de lutar pra poderem ver que eu existo. E eu não posso mais elevar meu ego, a ponto de surpreender os outros e fazê-los querer estar longe de mim.

- E é por aí que deixamos as histórias para escrevermos outras. Tanto faz que um espelho pode ser consertado e continuar com as rachaduras expostas. E daí que quando apagamos nossos escritos alguma marca deles continua no papel?
Vivemos de novo, como se não tivéssemos sofrido. Amamos de novo, como se nossos corações nunca tivessem sido quebrados.

- São apenas fases. E é por isso que eu tenho preferido as mudanças de estações, para mudar meu eu também.
Assim como as folhas secam e caem das árvores, eu devo deixar que esses sentimentos que já foram bonitos um dia se esvaiam de mim.
Seja pelos olhos, ou pelo esquecimento.
Eu hei de trocar minhas folhas.
Mesmo que eu tenha de perdê-las, para recompô-las apenas um bom tempo depois.

expurgar

Acaba com isso.
Vai, diz de uma vez que não vale mais, que prefere ter um espaço vazio do que alguém te sufocando.
Faz tudo isso ter rendido apenas arrependimentos e valido apenas por não ter morrido de tédio.
Expurga.
Expurga esse mal, esse ódio, essa dor e essa coisa estúpida que tu ousou dar nome um dia.
Arranca tudo, acaba com sua dor.
Pega suas coisas, sua insegurança e teu medo de eu errar, e vai embora.
Não é isso que tu quer?
Que eu peça pra você ir?
Que eu implore pra você ficar?
Tu devia saber que eu não sou dessas.
De pedir as coisas.
Não é orgulho.
É não precisar.
Faz o que tu quer, vai aonde for.
Se tu pedir, eu vou, se tu quiser, eu fico.
É assim.
É o mal que eu causei.
E o bem que eu não posso repôr.
É os dias que tu viveu.
As memórias que tu matou.

teleportation,


- I can't say beautiful things
I can't make you feel better...
Saying "I'll be there" doesn't mean
I could change the weather

Just to stop the rain from your eyes
Just to make your cry become a smile
I'll be there for you when you ever need
I'll be there for you when the sun shine
I'll be there for you when the clouds cry
I'll be there for you when you call me
I'll be there... I'll be there.

/ tears become melodies.

exageradamente


- Por quê você faz de toda despedida essa cerimônia toda? Como se eu não fosse te ver amanhã, depois de amanhã e hoje, de novo.
- Eu não sei... Acho que é pra pra gravar aquele sorriso de quem sente minha falta.
- Eu não sinto sua falta quando você vai embora. Eu sinto ela o tempo todo. Até quando estamos juntos.
- Wow! Eu sou tão distante assim?
- Não... Quando você está aqui, sinto falta de quando você não estava... E eu não fiz nada pra reverter isso.
- Isso dá uma impressão de que temos pouco tempo pra aproveitar.
- E temos. É muito 'nós' pra uma vida só. É por isso que sinto sua falta o tempo todo.
- Fico feliz que você sinta tudo isso. Poucos sentem, e fico feliz que você sinta.


/ Mal posso esperar por esses Sobressaltos Gama.