sábado, 10 de julho de 2010

Cookies. #3



A vida tem sido mais simples pelos dias de hoje. Mas, tudo vai bem, até que de repente o passado bate na porta.
É aí que ele bota tudo pra foder.

Audrey esteve por mais de um ano tentando evitar qualquer contato com o passado. Eu até a entendo. Ainda mais quando se ganha o presente, de presente. Ter fugido de tudo foi a melhor coisa que já tivera feito. Ganhar a vida por ter seguido em frente. Sempre em frente.
Mas não é toda vez que o passado vem para te atormentar. Às vezes precisamos voltar no tempo, para resolver alguns casos que antes eram complicados demais para se solucionar.
É, pois nem o tempo os resolve de certa forma. Temos que voltar a reabrir às portas que fechamos, para nos certificarmos de que as trancamos bem, e que ninguém vai abri-las de novo.
Ou até, quem sabe, levar todo seu presente para dentro dela.

''Droga, olha eu aqui de novo. Não é tudo que eu devia evitar? Mas que droga, por quê eu sinto tanta falta desses dias? Tinha acreditado em mim quando eu jurei que era tudo passado..."

- Ei, Nicole.

Oh, pobre Ryan.

- Estou atrasada?
- Nem um pouco.

Nunca fui pontual. E ter demorado tanto tempo pra aceitar as coisas boas só me trouxe prejuízos.

- Ele me ligou ontem.
- É, eu sei. Ficou abalada?
- Não... Fui educada até, mas acho que ficou forçado demais. Sim, mexeu comigo.
- O mais engraçado é ele estar com a Nicole e ficar te ligando assim.

Canalha.

- Eles estão juntos, então... Que surpresa.
- Deve ser foda. Vocês eram melhores amigas...
- Acostumada. Sabia que nem um ano longe daqui ia curar tudo isso. Os dois se amam. Dá pra aceitar. Digo, superar.
- ...
- Ei, você sabia que ela não prestava. Muito menos ele. E ele sabia do seu amor por ela.
- É. Estamos no mesmo barco, né?
- Sim.

Cookies. Boas memórias.

- Parei de vir aqui depois que eu e Laura terminamos. A última vez eu vim aqui e a Audrey estava aqui, também.
- Coincidência...
- É, uma bem ruim, eu diria...
- Bem, quero aquele brownie. E aquele chá com conhaque.
- Maçã e canela...
- Como sempre.

Que coisa, por que de repente eu estava me sentindo tão bem?

- Um brinde às vadias e aos traíras.
- Um brinde.E um brinde a nós também, Nicole.
- Aos esquecidos, indiferentes, e por fim, felizes.

... Sempre manti minhas portas do passado abertas. Nunca as tranquei, pois por vezes me confortava sabendo que teria pra onde voltar.
Esse foi meu grande erro. Alguém entrou por elas, em cada uma dos quartos, cozinhas e elevadores, achando que podia, só porque estavam abertas. Roubaram meu passado, e me trancaram pra fora. Enfiaram todo seu presente por lá. Eles não gostam de passado, e trancam as portas com medo de que ele volte para assombrá-los.
E eu me transformei em passado agora.
Para eles sim. Para nós, somos apenas o hoje.


" Eu não estou te chamando de mentiroso, apenas não minta pra mim. Eu não estou te chamando de ladrão, apenas não me roube. Eu não estou te chamando de fantasma, apenas pare de me assombrar.
E eu te amo tanto que vou deixar-te me matar.
"

- Estava tocando essa música quando eu e Ryan finalmente decidimos dar uma chance para o improvável.

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