sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O livro, a cidade e as pérolas.


- E lá vai ele de novo . Ele insiste em voltar à cena do crime, onde todos seus medos e saudades permaneceram durante 3 meses . Ele precisava terminar sua história, precisava de um final feliz pra ela . Ele tinha a ostra, mas sem as pérolas dentro . Suas pérolas haviam sido retiradas de forma prematura, não permitindo-as tornarem grandes e valiosas . Mas eram apenas lascas esféricas brancas que valiam pouca coisa . Mas ele queria as pérolas, queria o fim da história, queria voltar à cena do crime.
Ele voltou, mas sem o intuito de procurar por um final feliz para seu conto inacabado. Seu objetivo era apenas pôr um ponto final dentre as páginas em branco, e reutilizá-las para uma nova história, talvez um suspense ou um livro de auto-ajuda. As pérolas, ele esperaria que sua ostra oca e confusa produzisse novamente. O Sr. Confusão estava determinado a retirar de si cada pedaço daquela cidade,como um médico opera um tumor maligno.E lá foi ele, puxando fio a fio das linhas de suas lembranças, enrolando em um carretel imaginário,e reaproveitando-as para mandar tricotar um novo casaco . De nada adiantaria se desfazer das lembranças. Eram lembranças mais ruins do que boas, mas precisavam ser lembradas. Ele deveria olhar toda hora pra elas e ver que não poderia cometer os mesmos erros, ou teria que ser mais feliz do que em certo momento passado já fora. Teria que vestir o casaco e usá-lo enquanto não encontrasse um casaco mais quente .
Suas lembranças foram o motivo para que ele corresse atrás de seus objetivos , e que terminasse sua história . Foi uma história muito mal contada, com mais metáforas e poesia do que a claridez que todos esperam ver , mas sua vida não era um livro aberto . Talvez fosse, mas era escrito em uma linguagem que apenas 5 ou 6 pessoas haviam aprendido a decifrar . Sr. Confusão foi embora contente da cidade, apesar de não ter encontrado um final feliz pra sua história . Ele simplesmente perdeu interesse nela, e talvez tenha esquecido de como era perfeito viver tudo aquilo .

A perfeição nunca lhe soou como a felicidade em si .

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