segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Conselhos de uma imagem inversa.

- Eles dizem que você mudou. Já não é o mesmo, não te conhecem mais. Mas e você? Continua mesmo o mesmo, ou só mudou o corte do cabelo e comprou roupas novas? Ainda se reconhece vendo seu reflexo, ainda é você ali? É aquela mesma pessoa de dois anos atrás, cercado de amigos e sem nenhum mal a desejar? Ou será que você mudou também? Você, que diz tanto que já não aguenta ver as pessoas indo e vindo na sua vida, não teria entrado e saído sem bater ou sem se despedir da vida deles? Pois veja só. Mudara também.

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Você já perdoou os erros dos outros? Perdoou mesmo, sem rancor algum? Aceitou cada um de volta na sua vida, com a mesma confiança de antes? Ou fez todos se tornarem donos de culpas que são suas, por não conseguirem esperar você jogar seu orgulho fora? É, não perdoara também.


- Esqueceu das tardes de céu laranja, das noites de filmes e cobertores e amigos, desses amores que você fez questão de destruir? Destruir por puro egoísmo, com a desculpa de estar indeciso, quando o que você tinha mesmo era medo, de se ferir, e não de ferir alguém. Esqueceu as notas do teclado, os poucos que prometeram não te abandonar e por fim abandonaram ? Sim, esquecera também.


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Continua batendo na mesma tecla, fazendo essa história de uma letra só, acreditando que há de haver alguém que saiba ler e dizer que te entende? Continua correndo atrás de quem já não merece seu esforço, continua não desistindo de tudo que você crê que pode ser salvo por esperança e um pouco de sacrifício? Continua também.


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Ainda não entende esse porquê da vida e o porquê de tanta mudança, sendo que só se adapta ao que já é acostumado, sim, ainda. Ainda tenta salvar seu mundo e o mundo dos outros também, ainda tenta ser útil e generoso achando que vai ser recompensado em dobro. Bobo.


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Pensou que a vida era fácil? Achou que os inimigos e os problemas esperassem você ser adulto para você ser forte o bastante para acabar com eles, certo? Tão ingênuo, tão jovem, ainda pensa que tem muito a viver, mas continua no mesmo lugar, como sempre. Vive às vezes, e extravasa com as oportunidades, e só usufrui com dor, ao invés de saudades.


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Fala tanto dos outros, se sente tão culpado por tudo, pensa que não pode nada. Aonde você vai parar? Em que cidade você quer morar, com quais amores você quer morrer? Se decida, garoto. A vida é curta demais. Ah sim, você aposta em tudo com todas as fichas. E quando você tiver perdido tudo, e quando não sobrar ninguém pra você apostar?


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Para de procurar pela pessoa certa, jovem. E para de achar que todas elas são. São todas erradas, tem dúvidas como você, tem medo como você. Pelo menos cem por cento delas já sentiu o que você sentiu, de uma forma mais particular ou correspondente à você. Não é só você que ainda está sozinho e perdido, não é.


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Pare de quebrar corações, de machucar essas almas. Isso vai te machucar. Tudo que você precisa é encontrar algo que ame e que ame você com todas as certezas, ame você e que não tenha nada acima disso.


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Isso que você vive são momentos, não são eternos. Pare de pensar que não pode viver sem os amigos que vão te abandonar, sem os dias que vão passar, sem as coisas que você não poderá fazer. Porque passa. Até uva passa, homem.


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Procura, decide, tenta, machuca, perdoa. Só faz isso. Ser feliz é consequência. E seus inimigos sofrerão também. E você só poderá sentir pena, pois eles terão escolhido o orgulho, e você o perdão. Seus amigos irão embora, você também. Mas eles terão escolhido outros caminhos, outras vidas, outros. E você terá escolhido a saudade. E quanto aos amores, apenas ame. Se foi verdadeiro, volta, se foi impossível, acontece, se não foi amor, esquece.


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Cresce criança, para de se preocupar com tanto! Em último caso ainda terá as estrelas, um pedido a ser feito a cada uma delas. Terá também as horas, um segundo a menos a cada passo, e logo um novo Depois também. Só para de sofrer tanto, e dizer que não tem futuro.


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'Tú te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.'


E só tú pode te cativar infinita e inteiramente.






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