sábado, 10 de julho de 2010
segundas
- Viu, tá tudo acabando mesmo.
- Tudo?
- Mais que isso. Nem o nada vai restar.
- Por que do nada você ficou assim, pessimista?
- Eu não me tornei pessimista. Só abri os olhos pra realidade.
- Senti sua falta. Achei que sei lá, você também sentisse.
- Senti, um pouco.
- Eu já te disse que não foi nada de mais.
- Por quê diabos você fica me escondendo tudo isso?
- Porque não tem porque lembrar, já foi. Acabou, como você diz.
- Eu não sei mais o que você ainda é, nem sei se lembro do que você já foi.
- Tá. Só queria um pouco da sua atenção. Esquece tudo que passou, mais uma vez. Eu nem penso mais nisso.
- Quem sabe um dia desses eu te encontre em outro lugar. Não encontrar você. Encontrar aquela que você ainda é, mas que se esconde dentro de si.
/Tô entrando naquelas fases, das que demoram pra passar, de abstinência, de saudade antecipada e de perda pré-perda-oficial. Daquelas vezes que se perde as coisas e ainda estando com elas, entendem. De desapego necessário, de cautela, não sei.
Só sei que não é das boas.
Talvez seja só porque todos os dias tem parecido segundas-feiras.
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