sexta-feira, 9 de julho de 2010
intercâmbio
- Eu sempre procurei por um espaço único no mundo. Procurei por qualquer lugar em que eu pudesse ficar sozinho, que eu pudesse me expôr sem público, que eu pudesse chamar de Meu.
E na minha jornada eu encontrei inúmeros cantos, milhares de casas, incontáveis músculos e abraços que me abrigaram, lugares que eu pude chamar de 'lar'.
Mas era sempre algo temporário. Sempre me deparava com um aluguel caro demais ou com um limite de estadia.
Por vezes fui expulso, por outras o "a casa é sua" foi levado tão ao pé da letra que cheguei a sentir-me mais dono do terreno do que o esperado.
Me lembro de algumas vezes em que me abrigaram por entre músculos pulsantes. O sentimento de aconchego por vezes não foi o suficiente, por outras foi sufocante. No fim, me encontrava despejado, um sem-teto por opção, ou não.
Foi assim que eu me tornei um eterno nômade, um aventureiro em busca de novos cômodos, novos cantos pra chamar de casa.
Mas o que me vale falar sobre todos esses lugares é saber que por um dia, por um momento, eu pude chamá-los de meus. Por mais que não tenham sido realmente, por mais que eu tenha me apropriado deles sem nenhum contrato, me senti dono de cada um deles.
E se de cada um deles me lembro, cada um deles deve lembrar que já tiveram dono, que já foram invadidos, que quiseram abrigar-me.
- E assim eu continuo procurando.
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