quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Fototaxia Positiva .
- As mariposas usam a Lua como referência. Seguem sua jornada noturna em busca de algo que pensam que podem alcançar, algo brilhante, colossal e bonito, de contraste com o céu negro em parceria das estrelas e sinaleiras de aviões. Por vezes se distraem com alguma luz artificial, qualquer explosão de claridade as atrai. Qualquer lâmpada acesa, farol de carro ou fogueira as tira de sua rota eterna à Lua. Logo se veem perdidas e hipnotizadas por qualquer luz que decidiu entrar em seus percursos, cegas e fascinadas demais para continuar o instinto noturno natural. Essa atração pela luz, por coisas que brilham, que chamam a atenção mesmo de longe é chamada de fototaxia positiva.
Logo podemos nos comparar à elas. São seres tão minúsculos, tão ignoráveis, que não chegam a ser nem coloridos para serem chamados de borboletas, criaturas toscas de cores escuras, manchados, albinas, peludas, monstruosas, feias. Estamos sempre seguindo rotas, planejadas ou não. Procurando sempre um astro divino, brilhante e que nos faça sentir que não precisaremos de mais nada. Nunca estamos fora dessas rotas, até em sonhos procuramos por essa coisa que não sabemos que coisa é, que brilha tanto que ofusca e desfoca nossa visão. Somos fúteis, minúsculos, hipócritas. A única coisa que sabemos fazer, por instinto ou não, é correr atrás do que queremos, mesmo jurando e provando que a maior alegria de sua vida é fazer o bem para os outros. E por ironia nunca sabemos o que é isso que a gente tanto quer, esse lugar que a gente tanto quer chegar, esses corpos celestes que a gente procura tanto em todo lugar... Jogamos baixo, trapaceamos e por consequência nos desviamos das rotas também. Desviamos de uma rota, mas sempre estamos em outra. Encontramos um tesouro ali, uma oportunidade aqui, um sonho por outros lados, amizades jogadas nos cantos... Nunca seguimos em linha reta. Nunca estamos completamente buscando o que queremos de corpo e alma, suor e lágrimas, asas e antenas. É isso que nos difere de tantos outros seres vivos. Somos mariposas, agimos como leões, vivemos como macacos, tomamos decisões como asnos, voamos como pardais... Mas nunca estamos buscando a mesma coisa. Seja ela o que mais importa, o que necessitamos, ou não. É essa a condição de ser humano. Nunca saber o que se quer. Afinal, não temos nenhuma fototaxia, atração ou têndencia à hipnose para nos prender à qualquer simples e eterno objetivo. Estamos em círculos e nossa vida é uma lâmpada de gás neon.
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